Troca de anéis de segmento sem retífica vale a pena?

Nüral piston H268X
Os anéis de segmento estão constantemente sob esforço e atrito junto aos pistões. Seu desgaste indica falta de compressão e queima de óleo, mas será que a troca apenas deles resolvem os problemas?
Anéis de segmento não são exclusividades dos motores automotivos, também estão em outros motores à combustão, como no agro, embarcações e até motosserras.
Geralmente são três anéis e eles dispõe de funções complementares.
No ciclo Otto de quatro tempos, que é o tipo de motor mais comum entre os carros de passeio, os anéis de segmento desempenham as seguintes funções principais
- Vedação: Os anéis de segmento são responsáveis por garantir a vedação adequada entre o pistão e a parede do cilindro. Durante o curso de compressão, eles são responsáveis por selar o espaço entre o topo do pistão e a parede do cilindro, impedindo que os gases de combustão escapem da câmara, criando a compressão adequada para a ignição.
- Transferência de calor: Os anéis de segmento atuam como condutores de calor, auxiliando na dissipação do calor excessivo, garantindo que o motor opere dentro de uma faixa de temperatura adequada.
- Controle do óleo: Os anéis controlam a quantidade de óleo lubrificante que entra na câmara de combustão. Eles raspam o excesso de óleo que se acumula na parede do cilindro durante o curso de lubrificação, evitando que ele entre na câmara de combustão. Isso ajuda a prevenir o consumo excessivo de óleo e a manter uma queima adequada do combustível.
- Estabilidade do pistão: Outra função importante é manter a estabilidade do pistão dentro do cilindro, evitando oscilações e garantindo um movimento suave. Eles ajudam a reduzir o atrito entre o pistão e a parede do cilindro, permitindo um movimento mais eficaz.
Como são peças móveis que estão em constante atrito, os anéis de segmento estão sujeitos a temperaturas elevadas e desgaste, assim como todo o conjunto de pistões, camisas, válvulas, vedações e outros componentes que lidam diretamente com a combustão.

Perda de compressão do motor por desgaste nos anéis de segmento
A perda de compressão do motor devido ao desgaste nos anéis de segmento é um problema comum que pode ocorrer ao longo do tempo devido ao uso e ao desgaste normal do motor.
Quando os anéis de segmento se desgastam, eles podem não vedar corretamente, resultando em uma perda de compressão. Isso pode levar a vários sintomas, como:
- Perda de potência: A perda de compressão reduz a eficiência do motor, resultando em diminuição da potência geral do motor do veículo. Pode-se notar isso com a resposta mais lenta ao pisar acelerador e falta de torque durante a aceleração.
- Consumo excessivo de óleo: O desgaste dos anéis de segmento pode permitir que o óleo lubrificante do motor entre na câmara de combustão. Isso pode levar ao consumo excessivo de óleo e contaminação do mesmo.
- Fumaça azulada no escapamento: Se houver um vazamento de óleo para a câmara de combustão, a queima do óleo pode resultar em fumaça azulada saindo do escapamento. Este sinal é um indicativo de que os anéis de segmento estão desgastados, permitindo a passagem de óleo.
Uma boa avaliação de um profissional, realizando a medição de compressão de cada cilindro do motor, dará respaldo às características de desgaste dos anéis de segmento. Neste caso, apenas a troca dos anéis resolveria o problema de compressão e consumo de óleo?
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Troca de anéis de segmento do motor
A troca dos anéis de segmento de um motor é uma tarefa que requer conhecimento especializado e é realizada por mecânicos ou profissionais qualificados.
É um trabalho complexo que envolve várias etapas, incluindo a remoção cuidadosa dos pistões, a limpeza das partes envolvidas, a instalação dos novos anéis de segmento e a montagem correta de todas as peças do motor. É importante seguir as especificações do fabricante do motor e utilizar ferramentas adequadas para garantir a instalação correta dos anéis de segmento.

É necessária a retífica completa do motor por problemas de falta de compressão?
A necessidade de retífica completa do motor por problemas de falta de compressão depende da causa da perda de compressão. Em alguns casos, a retífica completa do motor pode ser necessária para resolver o problema, enquanto em outros casos uma intervenção mais leve pode ser suficiente.
Segundo Cesar Augusto de Souza, responsável pela oficina mecânica Technic Oficina Especializada Citroen e Peugeot e certificado pela ASE Brasil em reparo de motores, uma série de questões podem definir quais caminhos o reparador vai seguir “se ocasionalmente ocorre uma quebra de anéis, e não se roda muito tempos assim, fazendo uma boa avaliação dos pistões e das camisas, com ferramentas especificas e relógios, não necessariamente teria que fazer retifica, da sim para trocar somente os anéis sem troca de pistões e ou a retifica das camisas”, relata. Porém, ressalta que alguns cuidados devem ser tomados “um brunimento bem feito das camisas é muito bem vindo (o brunimento nao muda a medida da camisa, ou seja um brunimento não desgasta a parede)”.
Se a perda de compressão for devida a desgaste nos anéis de segmento e as outras partes do motor estiverem em boas condições, a substituição dos anéis de segmento pode ser suficiente para restaurar a compressão adequada. Isso pode envolver a remoção dos pistões, a substituição dos anéis de segmento, a retífica das paredes do cilindro, se necessário, e a montagem correta de todas as peças.
Neste caso, o consumo excessivo de óleo do motor também entra na mesma teoria de uma avaliação muito criteriosa, como foi comentado no caso de quebra de anéis. “nao vejo necessidade de trocar as medidas – no caso do consumo excessivo de óleo – dependendo do fabricante, as camisas duram muito e desgastam menos que os anéis”, relata Cesar, porém as circunstâncias variam em cada caso “claro que o ideal seria uma retífica, com camisas, pistoes novos e anéis novos, mas deve-se avaliar para não fazer algo desnecessário”, completa.
No entanto, se a perda de compressão for causada por outros problemas mais graves, como danos nas paredes do cilindro ou problemas nas válvulas, pode ser necessário realizar uma retífica completa do motor. Isso envolve desmontar completamente o motor, retificar ou substituir as peças danificadas, como pistões, bielas, virabrequim, cilindros, cabeçote, válvulas, entre outros, e depois montar tudo de volta.
Segundo Cesar Augusto de Souza, cada profissional tem uma maneira e política de trabalho e no caso dele como profissional no reparo de motores, alguns sintomas indicam de forma eminente a retífica completa em vez de apenas a troca de anéis de segmento:
– qualquer indício de aquecimento elevado, e ou superaquecimento, dilatando os pistões e marcando tanto pistões como camisas.
– a qualquer indício de risco e ou dano na camisa, por qualquer que seja o motivo, ate mesmo, sujeira ou materiais aspirados e marcas de má combustão, certamente comprometendo o funcionamento e consumo de óleo.
– indícios de corrosão nas camisas (um exemplo seria um carro com tudo ok, é desmontado para uma avaliacao e o reparo demora muito, se não tiver um tratamento e ou uma proteção nas camisas, so o fato de estar aberto ao tempo, em cerca de um mês já corre o risco de corrosão).
Ainda segundo o responsável pela oficina Technic, “o fato de não fazer retífica em alguns casos, é extremamente técnico, igual matemática, ou é ou não é, e certamente haverá controversas”, finaliza.

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