Stellantis retoma projeto para desenvolver o “E4”: motor 100% etanol
Novo propulsor é visto como trunfo para o alcance das metas de emissão de CO2 da companhia; saiba mais
Gigante franco-italiana da indústria automotiva, a Stellantis decidiu voltar a trabalhar em seu programa de desenvolvimento de um motor com patente brasileira e exclusivamente movido a etanol, na unidade de Betim (MG). A iniciativa estava às moscas desde 2019.
A expectativa é que em breve o produto seja destinado ao mercado nacional de veículos leves e ao mesmo tempo atenda às metas, impostas a todo o setor, de diminuição/compensação das emissões de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Recentemente, o CEO da empresa nas Américas, Antonio Filosa, anunciou a retomada das atividades de fabricação do propulsor, mas sem fornecer detalhes técnicos relativos à aplicação, como, por exemplo, quais modelos o novo componente deverá equipar quando finalizado.
Nesse campo, fatores como peso e aerodinâmica são preponderantes, uma vez que influenciam diretamente na potência e no torque do conjunto inteiro. Mesmo assim, embora ainda haja lacunas de informação a serem preenchidas, sabe-se desde já que o segmento de frotistas é o alvo principal da produção.
Sustentabilidade e caixa
Fora o propósito comercial sempre mais evidente, a Stellantis compreende que a idealização de um motor 100% álcool também é uma medida de caráter sustentável que independe da eletrificação, podendo, aliás, correr em paralelo.
“Com um flex, o frotista tem dificuldade em assegurar que o carro não está sendo abastecido apenas com gasolina. O veículo a etanol, por contar com componentes locais, pode chegar a um preço mais acessível ao consumidor”, afirmou o vice-presidente de assuntos regulatórios do grupo, João Irineu Medeiros.
Pelo menos na questão da combustão, é possível adiantar que o projeto avançou por meio do uso de tecnologias modernas e que trazem melhor desempenho. Houve evolução na dinâmica térmica; também a aplicação de um turbocompressor de geometria variável; e ainda a adição de novos parâmetros de injeção.
Acerca da turbocompressão, a propósito, a ideia inicial é utilizá-la com apenas um combustível, de modo a aproveitá-lo ao máximo, mitigando a diferença de consumo em comparação a de motores a gasolina.
Investimentos a todo vapor!
Ainda em 2021, logo após a fusão da Fiat Chrysler com a PSA Peugeot Citroën, foi anunciado um fundo de meio bilhão de reais para garantir o suporte ao desenvolvimento de motores na mesma fábrica, entre os quais – o etanol turbo “E4”.
Além dele, em Betim, a Stellantis também trabalha na criação de um propulsor híbrido flex inédito, que permitirá a combinação de biocombustível e eletricidade, seguindo o objetivo da companhia de cortar não só os custos, mas a pegada de carbono.
No histórico automobilístico nacional, os últimos exemplares movidos unicamente a álcool do mercado foram o Volkswagen Gol e o Fiat Uno Mille, que saíram de linha na década de 2000. Caberá a Stellantis a tarefa de quebrar esse jejum?
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