Joias da oficina: lapidando o amor pela mecânica

 Joias da oficina: lapidando o amor pela mecânica

Fabiana e mecânica pareciam não ter nada a ver, mas o tempo provou que foram feitas uma para a outra.

Muitos na oficina brincam que Fabiana Paes, 40 anos, é concorrida no local. Fácil de entender, já que metade da sua vida até aqui foi dedicada à Frison Convenience, localizada na Rua Santa Justina, 114, no bairro Vila Olímpia, zona sul de São Paulo (SP).

A oficina trabalha com reparos automotivos, funilaria e pintura de alto padrão. São mais de 45 anos de história cuidando de grandes nomes importados, como Ferraris, Lamborghinis e Bentleys. E Fabiana, uma das poucas mulheres do ambiente, é peça-chave da consolidação desse espaço.

A virada de chave

Na verdade, inicialmente, a entrevistada nem pensava em entrar para o meio automotivo. O click veio na época em que fazia um curso enquanto terminava o colégio. Ali, aprimorou sua vocação para montar e desmontar coisas.

“Eu comecei com 18 anos, fiz curso no SENAI sem muitas expectativas. Fiz porque estava no colégio e apareceu o curso perto da minha casa, mas gostei e me identifiquei. Depois, recebi uma proposta da Citroën, onde tinham montado uma oficina só de mulheres. Fui contratada como auxiliar e lá fiquei por dois anos, aprendendo muita coisa”, conta a mecânica.

Assim, Fabiana carrega o mérito de ter seus 22 anos de carreira trabalhando sempre com o que gosta, embora essa paixão não tenha sido passada de geração para geração, como é de praxe para muita gente dessa área. No caso dela, o gosto veio com o tempo.

Uma vida em conserto

Formação continuada: é o método para Fabiana se manter atualizada. O curso feito aos 18 anos, aquele sem tanta expectativa, foi apenas o primeiro.

“Fiz vários cursos de aprendizado rápido no Senai, outro de Eletrônica na FATEC de Santo André. Hoje, faço tecnólogo de automobilística, também no SENAI, com duração de três anos. Estou sempre me atualizando”, diz ela.

Para Fabiana, sua maior realização pessoal está em consertar. Desde pequena, fixar as coisas sempre foi uma…fixação. Ela recorda seu momento mais especial na Frison, quando houve de fato o batismo na profissão.

“Meu primeiro diagnóstico sozinha foi a minha maior realização. O carro era um Bentley, modelo meio exclusivo para a época, e o técnico engenheiro que me ajudava, o Walter, não estava presente no dia. Fiquei superemocionada e orgulhosa de mim. Foi nesse dia que pensei: ‘acho que é isso mesmo, vou ficar nessa profissão.”

Os desafios com as ‘joias’

Na vida, nem tudo são flores. Aliás, é quase impossível pensar numa flor quando o assunto é o universo automotivo – apesar de existir uma autopeça chamada tulipa. Grandes desafios são inerentes ao dia a dia de uma oficina, e é preciso muito preparo e jogo de cintura para encará-los.

“O maior desafio que enfrento até hoje na Frison são as novidades do mercado. Por exemplo, se surgir um carro na Europa, a gente já sabe que ele vai estar aqui na oficina”, diz Fabiana.

Dessa forma, como se manter sempre um passo à frente? Não há outra receita a não ser estudar, estudar e estudar.

Fora os cursos, tem que correr atrás, ler bastante, procurar informações técnicas em sites americanos e europeus mais técnicos, comprar manuais de várias outras línguas. Às vezes, uma atualização ‘X’ nem chegou nos carros mais populares, mas precisamos saber dela porque já existe nos importados. Por exemplo: a Frison trabalha com híbridos desde que eu entrei aqui, e só agora eles estão chegando de vez no Brasil”, relata Fabiana.

Porém, não há desafio que supere o amor pela mecânica. Vimos que o de Fabiana começou um pouco tardiamente, sem avisar, mas o tempo e as experiências trataram de lapidá-lo, transformando-o em uma joia, tal qual as máquinas que ela conserta.

Esta reportagem também se encontra na Revista Reparador S/A – Edição 02. Clique aqui para ler o material completo.

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