Estatal chinesa GAC desenvolve motor movido à amônia
Guangzhou Automobile Group visa mercado de veículos comerciais; veja vantagens e entraves no uso do composto químico pelo setor automotivo
Engana-se quem pensa que a eletrificação é estratégia isolada na indústria automobilística atual para o alcance das metas de neutralização das emissões de dióxido de carbono na atmosfera. A amônia também foi adotada como forma alternativa à sustentabilidade.
A ação, inédita no setor, é de responsabilidade da Guangzhou Automobile Group (GAC), empresa estatal da China que aceitou o corajoso desafio de produzir um motor de carro comercial movido pelo composto químico.
Embora com queima incomparavelmente mais limpa do que a de combustíveis fósseis como gasolina e diesel, porém, a amônia enfrenta entraves relevantes para se tornar uma opção mais realista nos postos de abastecimento.
Entenda quais são essas barreiras e, sobretudo, as vantagens que o segmento automotivo pode obter a partir do devido tratamento da substância, bem como do desenvolvimento de motores preparados para recebê-la.
Os prós da adaptação da amônia nos veículos
Quando a questão da diminuição dos poluentes está na pauta, não há outro jeito: ou se promove medidas de compensação com o intuito de zerar as emissões, como o plantio de árvores, por exemplo; ou se implementa tecnologias que permitam menores dispensações de gás carbônico no ar.
A iniciativa da GAC está diretamente atrelada à esta última. Os ganhos em torno da utilização da amônia são provenientes da sua condição natural de não liberar CO2, – consequência mais drástica ligada ao uso de transporte no meio ambiente.
De acordo com informações divulgadas pela estatal, em termos técnicos, um motor de dois litros é capaz de queimar amônia líquida de maneira mais eficiente e segura, atingindo até 120 quilowatts (kW) de potência.
“Superamos o problema da amônia ser difícil de queimar e podemos colocar o combustível em uso na indústria de automóveis para passageiros”, afirma o líder do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da companhia, Qi Hongzhong.
Empecilhos à vista
Apesar de a expectativa de Hongzhong acerca da adaptação do composto químico nos motores se mostrar bastante positiva, não ameniza o fato de a substância ter baixo nível de inflamabilidade, ser de difícil manuseio e, ainda, lançar na atmosfera taxas elevadas de óxido de nitrogênio.
Esse poluente está diametralmente associado ao aumento do nível de acidez das chuvas. Ou seja, na prática, a resolução de um problema criaria outro semelhante. Além disso, a absoluta ausência de estrutura para abastecimento somada à concorrência com as demais alternativas de combustíveis seriam impeditivos extras.
Outros caminhos possíveis
Apesar desse conjunto de circunstâncias que carecem de soluções, a amônia pode não estar fadada a perecer como um dos novos recursos que a indústria inventa e logo depois abandona por perceber inviável.
Provavelmente, será nos meios de transporte mais robustos que ela encontrará a devida funcionalidade. É o que mostra uma startup chamada Amogy, que anunciou em 2022 o primeiro motor de trator do planeta movido através do componente. Apoiada pela Amazon, sua missão é substituir comercialmente o diesel.
Falando em “grandiosidade”, aliás, uma possibilidade ainda maior está nos veículos marítimos, cujo os protocolos e os esquemas de segurança são muito mais avançados em relação à amônia.
Ou seja, nem todos os sinais estão vermelhos no caminho da sua implementação comercial na área da mobilidade. Prova disso é que, no mês de maio deste ano, a companhia Mitsubishi Shipbuilding concretizou a remessa de um sistema de abastecimento de combustível à base dessa substância, voltado exclusivamente a motores marítimos.
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