Dúvidas sobre carros: Mais barulho significa melhor desempenho?

Em busca de ter um ronco mais agradável, alguns condenam o desempenho de seus veículos sem saber

O Projeto de Lei 4250/20, que está em análise na Câmara dos Deputados, propõe mudança no Código de Trânsito Brasileiro para aumentar a punição a quem conduzir carro ou moto com escapamento adulterado. A infração está prevista no artigo 230 do CTB, que proíbe “Conduzir o veículo com descarga livre ou silenciador de motor de explosão defeituoso, deficiente ou inoperante”. A multa é considerada grave, de R$ 195,23, mais 5 pontos na carteira e possibilidade de apreensão do veículo. A deputada Christiane de Souza Yared, autora do projeto, quer tornar a infração gravíssima, com multa de R$ 293,47, aplicada em dobro em caso de reincidência, mais 7 pontos na carteira e apreensão do veículo.

Muitos motoristas procuram deixar seus carros com um ronco mais agradável ao colocar um escapamento esportivo, retirar o catalisador, o abafador ou o silenciador do carro. Alguns até mesmo deixam o cano direto sem saber os danos que podem gerar ao motor do seu veículo e das multas que podem levar.

Talvez a opção mais comum quando se quer mudar o ronco do motor é tirar o escapamento original e trocar por um esportivo. Essa mudança por si só não é passível de multa porque, conforme o Artigo 5 da Resolução CONAMA/IBAMA nº 256/1999,, os sistemas de escapamentos de carros podem ser trocados por modelos similares desde que não ultrapassem os limites em decibéis da peça original.

O escapamento esportivo não danifica o motor se for de qualidade, bem dimensionado na estrutura e calibrado corretamente com a motorização. Por outro lado, a variedade da peça que possui baixa qualidade danifica o motor porque não tem dimensões corretas e é feita de materiais de segunda linha. Esse problema pode gerar desgastes e risco de quebra na estrutura do motor, além de significante perda de torque, sintoma colateral que compromete o desempenho do carro.

Há ainda quem tire o abafador intermediário e o catalisador, fora os que optam por deixar o cano direto. No caso do abafador, sua retirada pode significar mais barulho, mas ele está ali por um motivo: proteger o motor e oferecer maior resistência contra gases de emissão. Ao tirar tal peça do carro, aumenta-se a emissão de gases, o que é passível de multa. Outra coisa desconhecida a muitos é que os gases, amparados pelos abafadores, ajudam no amortecimento do trabalho das válvulas e são responsáveis por caracterizar a evolução do torque.

Muitos tiram o catalisador achando que vão ganhar potência, o que é um mito. O que acontece, na verdade, é o aumento do consumo de combustível, a falta de regulagem do sistema de injeção eletrônica e de contrapressão do escapamento, a perda de rendimento do motor e o desgaste prematuro das peças, além do aumento de ruído e a possibilidade de ganhar uma multa a qualquer momento.

A perda de rendimento do motor se dá porque a maioria dos carros modernos têm o sensor Lambda na entrada e na saída do catalisador. Esse sensor compara o gás que sai diretamente do motor com o gás trabalhado que sai do catalisador. Os dados dessa comparação permitem que a injeção seja ajustada para que a emissão de gases esteja dentro dos parâmetros aceitáveis. Quando não há essa comparação, não existe ajuste, o que gera um erro no sistema de injeção e faz com que o carro perca rendimento, porque ele entra em um modo de proteção para manter a emissão dentro do permitido.

Aqueles que optam por deixar o cano direto são os que tomam a pior decisão, porque há a somatória de todos os problemas anteriores. Com o cano direto há grande aumento de pressão e isso pode gerar danos ao motor, fora todo o problema de multas devido a barulho e poluição.

O aconselhável é que o escapamento seja revisado por completo a cada 4 ou 5 meses ou 20 mil quilômetros rodados. O sistema de exaustão é importante tanto para evitar a peda de rendimento do motor e aumento no consumo de combustível, quanto para a saúde do motor e o meio-ambiente. Procurar peças de qualidade é fundamental.

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