Buggy Power – o novo carro elétrico brasileiro
O mundo está cada vez mais silencioso, não estou falando que a população está conversando menos, mas sim que os carros não fazem mais tanto barulho. A onda dos elétricos está apenas começando e o Brasil está apenas engatinhando nesse terreno, mas já possuí o seu primeiro veículo elétrico produzido em escala, o Buggy Power, da curitibana eiON.
Além de ser o primeiro automóvel elétrico brasileiro produzido em série, ele é o primeiro buggy elétrico do mundo. A eiON disponibiliza três versões do veículo, a econômica, a padrão e a de luxo. O custo por carga pode ir de R$ 9,00 a R$ 36,00 e a velocidade máxima varia de 110 km/h e 140 km/h.
Todos os automóveis tem espaço para cinco pessoas e podem ser convertidos para veículos autônomos, segundo as especificações técnicas disponibilizadas no site da empresa. A versão econômica tem uma autonomia de 150 km, a padrão tem de 250 km e a de luxo pode chegar a uma autonomia de 500 km.
Desafios, projeto e usos
O projeto foi idealizado pelo engenheiro Hélio Mitsuo Sugai e começou a ser pensado de uma maneira de ajudar seu filho. “O projeto surgiu a partir do diagnóstico de autismo do meu filho, então com dois anos de idade, e a leitura de artigos relacionando o aumento de casos de autismo com o aumento da poluição. Dessa maneira, decidi contribuir para a aceleração da mudança brasileira para uma mobilidade sustentável e limpa.”
Uma das ideias de Hélio, além de contribuir para a mudança da mobilidade brasileira, é também criar um produto 100% nacional. O Gurgel Itaipu, um dos veículos elétricos percursores, serviu também como inspiração para o Buggy Power.
O fato de que uma das ideias centrais era que o buggy seja um veículo totalmente nacional trouxe alguns desafios. “O maior desafio foi encontrar os componentes de fabricação nacional. Além de elétrico, nosso buggy tem o maior índice de nacionalização de componentes possível.”
Atualmente, o público-alvo é o turismo, mais especificamente o lado comercial, por conta da natureza do veículo. “O público inicial do buggy são empresas ligadas ao turismo, em especial o turismo de praia e ecoturismo”, afirmou o diretor da empresa.
Brasil, elétricos e futuro
A eiON planeja criar outros veículos, segundo Hélio. “Temos o projeto de outros veículos, mas precisamos primeiro ganhar maturidade com o buggy para então avançarmos nestes outros projetos.”
Além de ser o primeiro projeto do tipo no Brasil, a eiON está contribuindo para a criação de novas tecnologias e está ajudando a dar um pontapé inicial no mercado nacional, afirma o idealizador do projeto. “Além da criação de tecnologia, emprego e renda locais, o projeto também colabora para uma maior soberania, pois além de aplicações para a mobilidade o veículo também poderá ter aplicações energéticas.”
Hélio conta também que vê os carros elétricos como o futuro da mobilidade urbana, ele diz que é uma questão de tempo para que empresas grandes, como a americana Tesla, cheguem ao Brasil.
Atualmente, existem alguns carros elétricos comercializados no mercado, mas seus valores são muito altos, em comparação com os movidos a combustão. O engenheiro afirma que é uma questão de tempo e dinheiro para esse tipo de veículo entre no gosto do brasileiro. “Quem não quer um carro barato, econômico e sustentável?”, questiona bem humorado.
Atualmente, a eiON produz apenas os buggys, mas tem a intenção de produzir outros veículos. O próximo passo é acelerar a escala de produção do Buggy Power e, assim, alcançar um nível de preços mais competitivos.
Entrevista
Leia nossa entrevista na integra com o diretor, idealizador e engenheiro da eiON, Hélio Mitsuo Sugai.
Como o projeto surgiu?
O projeto surgiu a partir do diagnóstico de autismo do meu filho, então com dois anos de idade, e a leitura de artigos relacionando o aumento de casos de autismo com o aumento da poluição. Dessa maneira, decidi contribuir para a aceleração da mudança brasileira para uma mobilidade sustentável e limpa.
Qual é o objetivo e o público-alvo do buggy?
O público inicial do buggy são empresas ligadas ao turismo, em especial no turismo de praia e ecoturismo.
Quais foram os maiores desafios?
O maior desafio foi encontrar os componentes de fabricação nacional. Além de elétrico, nosso buggy tem o maior índice de nacionalização de componentes possível.
Existe a intenção de produzir outros tipos veículos?
Sim. Temos o projeto de outros veículos, mas precisamos primeiro ganhar maturidade com o buggy para então avançarmos nestes outros projetos.
Vocês conhecem o Gurgel Itaipu E4OO, de 1980?
Sim. As iniciativas da Gurgel são uma grande inspiração.
Como vocês veem a chegada da Tesla no Brasil?
Mais cedo ou mais tarde a Tesla chegará com tudo no Brasil. A Tesla e diversas outras montadoras chinesas de veículos elétricos.
Sob uma ótica nacional, qual é a importância desse projeto?
Além da criação de tecnologia, emprego e renda locais, o projeto também colabora para uma maior soberania, pois além de aplicações para a mobilidade o veículo também poderá ter aplicações energéticas.
O que falta para os veículos elétricos entrarem no gosto do brasileiro?
Assim que os veículos elétricos começarem a ser produzidos em grande escala, eles terão preços competitivos, e, assim, cairão, inevitavelmente, no gosto do brasileiro. Quem não quer um carro barato, econômico e sustentável?
Você acha que existe muita resistência por parte da população mais tradicional? Em relação aos veículos elétricos.
Não. Não existe resistência, somente os preços ainda estão altos, porque não foi alcançada uma grande escala de produção. Todos os pontos contra são apenas mitos, que serão naturalmente desmistificados com o tempo.
Qual é o próximo passo?
Acelerar a rampa de produção e ganhar escala e custos mais competitivos.
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