Stethy: Confira a réplica do Lamborghini Aventador que utilizou peças de Fiat

 Stethy: Confira a réplica do Lamborghini Aventador que utilizou peças de Fiat

Após sete anos de trabalho e reaproveitando componentes de vários carros, norueguês conseguiu seu próprio supercarro

O norueguês Steinar Thyholdt (57) conseguiu um feito fascinante: construir sua própria réplica do Lamborghini Aventador a partir de peças de outros carros! A ideia surgiu após o homem assistir ao filme The Cannonball Run (1981) e se apaixonar pelo Lamborghini Countach. Depois de viagens, pesquisas, sete anos de muito estudo e trabalho, o sonho se tornou realidade.

Reinventando o chamado “faça você mesmo”, o veículo conta com chassi próprio e foi regularizado para trafegar pelas rodovias da Noruega. O carro chama atenção dos amantes e proprietários de modelos Lamborghini e não havia como ser diferente: o painel é fiel ao original, possui motor V12 retirado de um BMW 750i, quadro de instrumentos digital e outras peças autênticas da marca.

Para a surpresa de muitos, o projeto teve início com base em uma estrutura confeccionada de madeira, em seguida, várias peças de outros carros como Audi, Volvo, BMW, Volkswagen e até mesmo Fiat foram utilizadas. Em homenagem ao criador, as três primeiras letras de seu nome foram escolhidas para batizar o veículo que se chama Stethy.

Desde 1º de janeiro de 2014, a Noruega autorizava a fabricação própria de um veículo desde que determinadas regras fossem seguidas para que a homologação fosse viável. Inclusive, o país comercializa Kit Cars para que o proprietário possa montar seu automóvel de forma artesanal. Essa prática também é facilitada pela isenção de tributos. Diante deste cenário, a construção do Stethy foi iniciada em 2014.

Ao longo de dez anos, Thyholdt gerenciou uma oficina de pintura e funilaria em Hommelvik, o que lhe garantiu uma boa experiência para o início do projeto, ainda que a fabricação de um veículo do zero fosse um desafio ousado. O norueguês que vive em Oslo possui  uma academia na cidade de Stjørdal, aproximadamente 520 km de onde vive e optou pela contratação de um gerente geral para seu estabelecimento para que pudesse se dedicar exclusivamente ao seu Lamborghini.

Embora a Noruega conte com regras que cortaram custos do projeto, muitas burocracias foram enfrentadas. Antes que a autorização para a produção do Stethy fosse concedida, três longos meses de planejamento foram necessários antes de exibir o projeto ao departamento de administração rodoviária local. Isso porque o órgão possui uma série de exigências técnicas a respeito dos materiais, métodos de construção, origem dos componentes, e outras especificações para dar o aval. 

Até a conclusão do automóvel, o departamento fiscalizou as evoluções de fabricação periodicamente. Em entrevista concedida a um jornal noruegues, Thyholdt revelou que ao longo dos sete anos de construção, o projeto evoluiu bastante e que as técnicas utilizadas por ele passaram a vigorar no país inteiro. Ele não escondeu seu entusiasmo ao contar que os agentes fiscais se espantaram com a precisão do veículo, bem como seu esforço durante o processo, e nenhum ajuste foi sugerido.

Após testes de direção em pistas fechadas, incluindo análise de frenagem e aceleração, além da condução em vias urbanas e nas estradas, a aprovação final foi alcançada.

A construção do Stethy

Para iniciar a etapa de construção, foi necessário esmiuçar os desenhos técnicos completos do Lamborghini Diablo, assim o norugues adquiriu uma boa ideia de dimensões e componentes necessários. De início, a escolha para a suspensão traseira e dianteira foi da BMW, conjuntos independentes A, que mais tarde foram alterados. 

Com intuito de aproximar-se da estrutura do Aventador, Thyholdt desenvolveu uma primeira estrutura de madeira com medidas um pouco maiores que as do Diablo. Mais tarde a madeira foi substituída por um chassi tubular que já ostentava o espaço para cada dispositivo mecânico e adequado ao modelo do Aventador. Inclusive, um kit car oficial da Lamborghini em escala 1:8 com 600 peças, foi utilizado como ponto de partida.

Para aproveitar o motor M73 V12 5.4 aspirado e os sistemas de freio, Steinar Thyholdt viajou até a Alemanha e comprou um BMW 750i 1998, o qual foi dirigindo de volta até sua residência em Oslo. O veículo possuía 240.000 km rodados, então foi preciso refazê-lo. Já o câmbio automático do projeto foi doado de um Audi A8.

As viagens de Thyhold não pararam por aí, ele ainda precisou deslocar-se até os Estados Unidos, Bulgária e Tailândia atrás dos componentes ideais. A carroceria do Stethy foi produzida artesanalmente no México, bem como a estrutura do painel, por Carlos Muñoz. A partir daí foram mais quatro anos de desenvolvimento, além de nove meses com todo o processo burocrático para exportar as peças de fibra de vidro para a Noruega.

A cor branca perolada, Lamborghini Balloon White, foi a escolhida para a pintura da carroceria. Para isso os serviços de uma oficina de pintura local foram contratados e utilizaram 28 litros de tinta. Mais tarde, de volta à garagem de Thyhold, foram aplicados mais 35 litros de primer.

O dono do veículo foi também o responsável pela confecção de determinadas partes de acabamento, como por exemplo, as saídas de ar e as grades das tomadas. O painel foi forrado a couro, bem como a instalação de peças necessárias e outros detalhes.

As quatro saídas de escape foram produzidas a partir de tubulações de tanques adquiridas na loja Ikea. Uma das partes mais interessantes, talvez, tenha sido a utilização de um Fiat Doblò como doador das saídas de ar centrais, que foram montadas ao contrário no Stethy. Além disso, as luzes de teto da cabine também foram reaproveitadas do Doblò.

Já a moldura dos vidros foram aproveitadas de carros variados da Volkswagen, enquanto o sistema de vidros elétricos pertenciam anteriormente a um Volvo V70. O esqueleto do bocal do tanque foi tirado de um Suzuki Swi, enquanto os conectores dos faróis de um Seat Ibiza.

O proprietário ficou muito feliz em conseguir aproveitar os faróis e o parabrisa originais de um Lamborghini Aventador, assim como as vigias laterais dianteiras. No entanto, para as vigias traseiras foram utilizadas de um Volkswagen Polo.

A central multimídia do automóvel foi substituída por um tablet Lenovo e as teclas de seleção do câmbio foram posicionadas à esquerda do volante. 

Um verdadeiro supercarro

Finalmente, após concluído e devidamente regularizado, o proprietário do Stethy afirma estar extremamente contente com o desempenho e potência de seu automóvel.

 O Lamborghini Aventador feito em casa conta com medidas muito próximas às do carro de inspiração, com 2,36 metros de largura (incluindo espelhos), 4,8 metros de comprimento e 1,13 metros de altura. Os pneus traseiros são 335/30 R20, enquanto os dianteiros são 255/35 R19. O veículo pesa cerca de 1.650 quilos com seu tanque cheio.

Segundo as estimativas do noruegues, o gasto total com a fabricação própria do veículo foi de 97.357 euros, ou R$ 603.500 em conversão. Além, é claro, das 5 mil horas gastas em trabalho e construção. 

Vale citar que os carros Lamborghini produzidos em Sant’Agata Bolognese possuem valor estimado de 400.000 euros. No Brasil seria impossível comprar um Aventador 0km por menos de R$ 7,2 milhões.

Lamborghini ou não…

Ainda que não se trate de um carro oficial da marca, o resultado do Stethy deixou até o presidente de Lamborghini Klubb Norge, Harald Skjøldt, muito impressionado. Skjøldt que também é dono de alguns modelos da montadora italiana não somente aprovou o resultado do trabalho de Steinar, como também gostaria que o veículo participasse de encontros organizados com outros proprietários de Lamborghini. 

Contudo, a agenda de apreciação do Stethy está bastante atribulada, a réplica deve viajar até para a Dinamarca para comparecer ao Hand Built Cars. Este evento é tido como uma espécie de “Goodwood em miniatura”.

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