Uzbequistão: O país dos carros brancos
Estamos acostumados a ver carros de todas as cores, algumas mais, outras menos. Porém, em um país da Ásia, você vai ver veículos brancos em grande maioria. Esse lugar é o Uzbequistão, um país localizado na parte central do continente asiático, muito rico em história e cultura.
Estas terras presenciaram a Rota da Seda, a dominação persa, o Reino Grego da Báctria, a conquista dos árabes, Genghis Khan, o Império Russo e a União Soviética. A nação é independente desde 1991 e é o lar do povo uzbeque.
Aqui é falado o uzbeque, uma língua turcomana com influências do idioma árabe, persa e russo. Este último ainda é falado – por grande parte da população formada por 32 milhões de habitantes – pelo recente passado ligado à União Soviética.
Nos últimos anos, o país vem recebendo uma grande onda de turistas. As mesquitas azuis espalhadas pelo território chamam a atenção dos estrangeiros. A cidade de Samarcanda é um dos principais pontos de visitação, repleta de estruturas históricas e é um Patrimônio Mundial da UNESCO.
A capital Tashkent é a maior cidade do país, com 2.4 milhões de habitantes. Como é o principal centro financeiro, a cidade tem a maior concentração de carros dessa nação. O desfile de veículos brancos pode ser visto nas ruas, com algumas exceções.
Para sabermos mais sobre o país, sua cultura automobilística e os reparadores daqui, o mecânico de alinhamento Shuhrat Agzamov será nosso guia no Uzbequistão. O profissional de 35 anos trabalha há 12 anos na área e, atualmente, atua em uma oficina especializada em alinhamento, balanceamento, cambagem de roda e montagem de pneus na capital Tashkent chamada BLN Autoservice.
Shuhrat nos conta sua rotina neste país tão distante do Brasil. “Nossa oficina atende entre 50 a 70 carros por dia. Para isso, contamos com oito funcionários no estabelecimento localizado em Tashkent”, relata Agzamov. Os uzbeques contam com equipamento moderno de alinhamento, que gera gráficos 3D para o mecânico saber o que acontece com o veículo.
Sobre os carros, Agzamov fala que os mais comuns nas ruas são modelos da Chevrolet e Daewoo, de produção nacional. Logo atrás deles vem os russos da Lada. Além disso, são vistos: Toyota, Lexus, Mercedes, BMW e Hyundai. ” população que tem um padrão médio de vida não tem o costume de trocar anualmente de veículos, por isso temos muitos automóveis antigos nas ruas de Tashkent”, afirma.
A cor branca dominante nas ruas uzbeques tem um motivo segundo o mecânico. “As pessoas preferem esse tom por conta do clima, já que no verão, que é muito quente, os automóveis mais escuros esquentam muito. Outro fator é o clima. A poeira e a sujeira são elevadas – por conta do território desértico – e um automóvel claro não precisa ser lavado todo dia”, explica.
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Para se ter uma noção, carros brancos no mercado secundário são mais caros que o de outras cores pela preferência dos motoristas por eles. Ao menos, não existe uma imposição no Uzbequistão como no país vizinho, o Turcomenistão. Lá o governo proibiu a população de usar automóveis que não fossem brancos na capital Ashgabat.
Outra curiosidade automotiva no Uzbequistão são os combustíveis: “A gasolina é cara, mas não tem alta qualidade. Por isso, os motoristas estão optando por opções mais baratas, como o metano. Também existem muitos automóveis movido a gás propano”.
Um caso único no país é o diesel. O combustível fica em falta frequentemente em algumas épocas do ano por conta dos maquinários responsáveis pela colheita de algodão, a principal matéria-prima da nação, que é o sexto maior produtor do mundo. Para se ter uma ideia de sua importância, o maior clube de futebol – uma das paixões desse povo – do Uzbequistão é o Pakhtakor, nome que significa “coletores de algodão”, na tradução para o português .
Ravon: A marca do Uzbequistão
O Uzbequistão conta com uma marca nacional desde 2015. A Ravon é propriedade da UzAutoSanoat, um holding que controla diversas montadoras no país, como a General Motors local, que anteriormente havia assumido a produção da Daewoo na nação.
Ravon é uma abreviação na língua local que significa algo como “veículo confiável na estrada”. Além disso, em uzbeque, essa palavra também pode ser traduzida como “estrada leve, limpa, lisa” ou “caminho fácil”.
Os modelos da Ravon são carros da Chevrolet rebatizados para diversos mercados, principalmente Rússia e outros países da antiga União Soviética. Por exemplo, o Cobalt virou R4, enquanto o Nexia é o Aveo. O R2 é baseado no Spark/Daewoo Matiz.
Os carros são produzidos nas regiões de Khorezm e Andijan, ambas no Uzbequistão, em fábricas da GM local. Apesar de ser um marco na indústria local, os automóveis ainda não são unanimidade entre os cidadãos uzbeques. Para o mecânico Shuhrat Agzamov, os veículos ainda não apresentam uma boa qualidade.
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