O caminho até os carros autônomos

 O caminho até os carros autônomos

Grandes corporações, como a Amazon, procuram definir novas regras para os veículos autônomos

Os veículos de agora são desenvolvidos para a direção humana. Em outras palavras, eles precisam de uma pessoa no volante, ou, pelo menos, no banco do motorista para funcionar. O cenário é assim até agora, mas tudo indica que, um dia, os carros autônomos podem ser uma realidade. 

Para isso, ainda há um caminho de muitos testes e, claro, mudanças na legislação. Continue a leitura e entenda o cenário dos carros autônomos, incluindo os avanços feitos até agora pelas empresas investindo no setor. 

Legislação

Um primeiro indicativo de que ainda falta um pouco para os carros autônomos serem opções totalmente viáveis é a ausência de legislação específica. Há um projeto de lei em vigor desde 2017 nos Estados Unidos, mas esse não vem tendo sucesso. Assim, ainda não há uma regulamentação concreta para as fabricantes. 

Nos últimos anos, algumas montadoras de destaque, como Volvo, Tesla, Ford, Mercedes-Benz e GM investigam tecnologias semiautônomas. No entanto, a Zoox (empresa de táxis-robôs da Amazon) afirma que nenhuma máquina derivada dos modelos atuais será segura para os passageiros de modo totalmente autônomo. 

Assim, a Zoox aponta que já há no mínimo 100 inovações de segurança que distinguem carros autônomos dos convencionais. Essa também relata que enviará documento descritivo sobre todos os testes à NHTSA (Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário), o órgão que estabelece as regras de trânsito e as leis de segurança viária nos EUA. 

Carros autônomos não tem frente nem traseira

Até o momento, os dois principais projetos de táxi-robô são da General Motors e da Zoox (da Amazon), ambos em formato de caixote. Além desses, há o projeto experimental da Waymo, parceria do Google com o Grupo Stellantis (dono da Fiat, Jeep e mais), que já está sendo desenvolvido há alguns anos. 

No modelo da Zoox, há espaço para quatro ocupantes, com bancos em forma de “U”. O projeto da GM, o Cruise Origin, possui bancos similares ao assento traseiro de seus carros comuns. Nos dois casos, as portas abrem lateralmente, como em um trem, e os bancos internos são apenas para passageiros – sem motorista. 

A Zoox, que optou por um controle totalmente computadorizado, relatou que cada uma das quatro rodas do automóvel é independente, em quesito de direção e motorização. A velocidade, potência e direção varia individualmente para cada, permitindo manobras precisas, de um modo que os convencionais não conseguem. 

O formato de caixote permite uma bidirecionalidade. Logo, o veículo nunca precisará fazer meia-volta e dar marcha à ré. Isso também vale para as luzes: faróis podem virar luzes traseiras sempre que necessário. 

Passageiros e segurança

Um ponto distinto é que nos carros autônomos todos são passageiros. Dessa forma, não existe uma diferenciação tão nítida entre os assentos, já que não há um motorista. Isso orna com o fato de o veículo não possuir uma frente ou uma traseira, ser equivalente. 

Com essa nova disposição, um aspecto entra em vigor: a segurança de todos os presentes. Não existe, então, aquela necessidade de proteger de modo mais intenso quem está ao volante, já que nos verdadeiros autônomos não caberá a pessoa alguma esse papel. 

A Zoox, observando a necessidade, desenvolveu um novo conjunto de airbags, os quais têm formato parecido ao de uma “ferradura”, não permitindo que o corpo de uma pessoa se choque com o de quem está ao lado. Algumas fabricantes de modelos convencionais, como a Ford, já aplicam bolsas infláveis com a mesma proposta, saindo do teto ou dos cintos de segurança. 

Sobre o cinto, sabe-se que sua não aplicação pode fazer com que os carros atuais emitam apitos ou alarmes no painel. Já o veículo autônomo da Zoox é projetado para nem se mover caso os passageiros não estejam com os cintos de segurança devidamente afivelados. 

Talvez você já tenha ouvido que a segurança de um carro autônomo será parecida com a dos aviões. Essa similaridade é comentada porque não há um sistema que possa falhar sem assistência – um backup sempre entrará em ação, de modo automático. Há duas baterias e dois motores elétricos, mas o veículo é capaz de operar com uma unidade de cada. Será possível, na grande maioria dos casos, que o veículo continue até poder parar em segurança. 

Daqui algumas décadas

Embora já haja muito avanço tecnológico, os maiores projetos de carros autônomos estão apenas em suas fases experimentais. Em complemento a isso, até o momento que esses veículos passarão a integrar o cotidiano viário, será preciso estabelecer normas específicas.

De acordo com o diretor de inovação em segurança da Zoox, Mark Rosekind, ainda demorará algumas décadas para que um desses seja inserido em escala comercial, de maneira segura, em algum mercado. “Esse tipo de cenário está a 20 ou 30 anos de distância”, confirmou. 


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