Ideias geniais, mas falhas: a sina dos carros-bomba
Saiba mais sobre os modelos de carros desenvolvidos com novas tecnologias mas que trouxeram falhas ao invés de inovações
Os chamados carro-bomba são comumente lembrados por dois motivos. A princípio, os carros-bomba são aqueles que saem de fábrica prometendo grandes inovações, mas na verdade, se tornam ícones falhos.
Por outro lado, os carros vendidos por terceiros também podem ser chamados de carros-bomba devido a sua aparência impecável, mas com graves problemas internos.
Pensando nisso, enumeramos alguns carros famosos que tinham todo potencial para serem inovadores, mas acabaram se tornando problemáticos, a começar pelo famigerado Cadilac e seu sistema de desativação de cilindros.
Cadilac e o sistema de desativação de cilindros
A ideia do sistema de desativação de cilindros consiste em manter parte dos pistões do motor fora de operação em situações nas quais não há demanda por potência (em marcha lenta, por exemplo). Desta forma, quando o motorista acelerasse mais forte, tudo voltaria a funcionar.
Trata-se de uma atual tecnologia adotada por diferentes fabricantes, em especial em motores de grande capacidade cúbica. No entanto, a primazia desse sistema coube à Cadillac, com o nome de V8-6-4. O motor podia desativar dois ou quatro dos oito cilindros, com o objetivo de economizar combustível.
No geral, a ideia realmente era genial. Assim, a novidade chegou aos modelos Eldorado, Deville e Fleetwood da linha 1981. Porém, esses carros tornaram-se verdadeiras bombas.
O problema é que o sistema dependia (e ainda depende) de eletrônica para funcionar. E, na década de 80, esse tipo de tecnologia ainda engatinhava, tendo em vista que o microprocessador simplesmente não conseguia gerenciar a desativação dos cilindros a contento.
O V8-6-4 acabou despertando a ira dos proprietários e permaneceu em produção por apenas um ano. Assim, o Cadilac tornou-se famoso pelo belo design, mas inesquecível por sua falha.
Chrysler e o sistema de injeção eletrônica
Por mais familiar que seja o sistema de injeção eletrônica, o primeiro fabricante a se aventurar nesse sistema primordial foi a Chrysler para a linha 1958.
Na década de 1950 já existiam sistemas mecânicos de injeção de combustível, mas a marca estadunidense foi a pioneira na utilização do gerenciamento eletrônico. A Chrysler utilizava tecnologia da empresa Bendix, que havia desenvolvido o sistema eletrônico para motores aeronáuticos.
O sistema naquela época era ainda mais complexo: a aplicação aos carros demandava a utilização de distribuidores e bombas de combustível.
Por esse motivo, o preço era elevado, o que fez o fabricante disponibilizá-lo como opcional em um motor V8 5.9, que equipava modelos das linhas De Soto, Dodge e Plymouth.
A demanda por esses modelos foi mínima, e o sistema equipou menos de 100 carros. Além disso, os poucos que optaram pela injeção eletrônica sofreram com problemas de funcionamento.
Diante da péssima reputação, a Chrysler derrapou nas limitações tecnológicas da época e na falta de desenvolvimento.
De Lorean e a carroceria em aço inox
O DeLorean foi fabricado pela DeLorean Motor Company, empresa automobilística que teve sua trajetória de um ano marcada pelo falho e único modelo fabricado por eles.
O caso do De Lorean DMC 12 é um dos mais curiosos de toda a indústria automobilística. Quando novo, o esportivo fracassou em vendas e sofreu críticas devido ao baixo desempenho e a problemas de qualidade.
No entanto, o modelo teve seu auge e acabou virando ícone popular graças à participação na franquia De Volta Para o Futuro. Fora das telinhas, o carro provocava apenas frustrações.
Quando o primeiro filme da trilogia estreou, em 1985, a DMC (De Lorean Motor Company), de origem estadunidense mas com fábrica na Irlanda do Norte, já havia fechado as portas há três anos.
Uma das peculiaridades do esportivo era a carroceria em aço inox, sem pintura. E justamente por esse motivo, a ideia genial se mostrou problemática.
Os proprietários reclamavam da dificuldade para limpar as chapas, processo que exigia uma palha de aço apropriada. Além disso, os painéis da carroceria custavam cerca de oito vezes mais que as similares comuns.
Diante disso, fica claro que planejar e fabricar um carro são tarefas complexas, bem como a execução de uma ideia genial. Nesse processo de inovação, muita coisa pode dar errado e, histórias com finais inesperados têm de sobra na indústria automobilística.
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