Câmbio automático: fazer o carro “pegar no tranco” é seguro?
A surpresa de tentar dar a partida no veículo e descobrir que a bateria está sem carga, pode ser muito desagradável. Mas forçar o motor para ligar traz altos riscos.
No cenário automotivo atual, aproximadamente metade dos veículos novos vendidos, no país, já saem de fábrica equipados com o câmbio automático. As versões intermediárias e topo de linha de hatches compactos já acompanham essa tecnologia há um bom tempo.
É muito comum que, condutores que passaram anos dirigindo automóveis com câmbio manual, precisem se adaptar para utilizar um veículo automático. Muitas vezes, devido a força do hábito, os proprietários pisam erroneamente no pedal do freio como se fosse o da embreagem. Afinal, não precisar trocar as marchas pode causar estranheza em um primeiro contato.
Ainda que essa adaptação não seja demorada, é natural ter algumas dúvidas relacionadas ao uso do câmbio automático. Talvez a mais comum, dentre todas, é relativa a carros automatizados com bateria “arriada”: fazer o motor “pegar no tranco”, em um momento de emergência, pode danificar a transmissão? Com um veículo equipado com câmbio manual, essa prática é muito popular.
Esse método pode ser utilizado para fazer com que o motor volte a funcionar, mesmo em carros com transmissão automática. Entretanto, existem alguns riscos envolvidos.
Observe que, quando o veículo está estacionado, o câmbio fica na posição “P” (park) e essa função nunca deve ser utilizada na hora de tentar forçar o movimento do motor. Isso porque essa opção da transmissão ativa o travamento imediato das rodas, então sérios danos poderiam ser causados pelo excesso de esforço.
Existe um pino que é acionado ao selecionar “P”, que é responsável pela barreira que se cria entre o eixo que conecta o câmbio ao motor. Ao quebrar essa peça, a função do câmbio fica comprometida e outros componentes, como o sincronizador, também podem estragar durante o processo.
Caso seja uma situação emergencial e não haja outra alternativa, o melhor seria posicionar o câmbio em “N” para o momento de empurrar o veículo. Posteriormente, ao atingir uma velocidade mínima de 20 km/h, o seletor deve ser colocado em “D” ou “2”. Desse modo o carro deve ligar.
No entanto, essa deve ser a última opção, visto que há um alto risco de rompimento da correia dentada. Esse componente é responsável pela abertura e fechamento das válvulas de forma sincronizada. Ao forçar o motor dessa forma, a potência do tranco pode arrebentá-la – especialmente se já estiver desgastada.
Quando a correia dentada é danificada, as válvulas param de funcionar enquanto os pistões mantêm o movimento. Isso significa que elas podem ser atingidas pelo pistão e entortar, principalmente devido a taxa elevada de compressão dos motores mais novos.
Em motores a diesel, os perigos são ainda maiores, uma vez que a taxa de compressão é ainda mais forte. Danificando válvulas, pistões e bielas, seria necessário fazer uma retífica do motor. Um tremendo prejuízo, não é?
Por isso, fica o alerta. A melhor opção é chamar um guincho ou ajuda de algum familiar ou amigo, para fazer a famosa “chupeta” na bateria.
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