A história da evolução dos motores Flex no Brasil
Motores brasileiros se deparam com crises, alta de preços e avanços tecnológicos
Por Renan Nievola
O ano era 1975. O contexto era de crise mundial no petróleo, principal matéria-prima para produção da gasolina, combustível utilizado pelos automóveis da época. Diante das circunstâncias adversas impostas pelo mercado, os militares que lideravam o Brasil procuraram incentivar o desenvolvimento de uma fonte de combustível alternativa para contornar os impactos da crise. Nesse cenário, em 1976, surgiu o Fiat 147, o primeiro automóvel a ser movido a álcool hidratado no país.
Mais tarde, em 1989, o Volkswagen Gol GTi foi o carro no qual a injeção eletrônica fez sua primeira aparição, o que abriu caminho para a criação de um motor bicombustível. Também no final da década de 90, a crise de abastecimento de etanol que o país enfrentava motivou o desenvolvimento de uma maneira que permitisse que os veículos operassem com álcool e gasolina ao mesmo tempo.
O início da década de 90 marcou o surgimento do primeiro automóvel movido a álcool e equipado com direção eletrônica: o Chevrolet Ômega 2.0, que chegou ao mercado brasileiro em 1993. No ano seguinte, o modelo da fabricante norte-americana também foi o primeiro protótipo flex do Brasil, dessa vez desenvolvido pela Bosch.
O aperfeiçoamento da tecnologia flex ocorreu quando a Magnetti Marelli – à época pertencente ao grupo Fiat – criou o Software Flexfuel Sensor, capaz de realizar a leitura do combustível por meio da sonda lambda.
Apesar do fato anterior indicar que o Grupo Fiat tinha enormes chances de lançar o carro Flex, foi a Volkswagen a responsável por essa façanha. No dia 23 de Março de 2003, foi colocado no mercado o primeiro modelo Flex da história do país: o Gol 1.6 Total Flex. O pioneiro dos motores 1.0 movidos a álcool e gasolina do Brasil também chegou ao mercado pelas mãos da montadora de origem alemã, incorporado ao Fox.
Depois da popularização do motor Flex causada pelo lançamento dos populares Uno Mille e Palio por parte da Fiat, em 2005, a Volkswagen voltou à cena ao desenvolver o Polo E-Flex, o primeiro modelo bicombustível fabricado no Brasil cujo reservatório de gasolina fora substituído para a partida a frio por um mecanismo capaz de preaquecer o etanol.
Os modelos de luxo demoraram um pouco, mas também aderiram à tecnologia Flex. Em 2013, o Série 3 Active Flex, da BMW, foi apresentado como o primeiro turboflex do planeta. Posteriormente, outra montadora alemã, a Volkswagen, incorporou a tecnologia a modelos mais acessíveis e apresentou o up!TSI.
O futuro das matrizes de combustível aponta para a utilização de energia elétrica. Fora do país, montadoras vem concentrando seus esforços em modelos híbridos, além dos elétricos. Até onde a inovação nos motores e nas fontes de energia nos levará?
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