A era de ouro do WRC: o Grupo B e o Rally dos anos 80
Conhecidos como a “era de ouro” do Rally, o Grupo B tem fãs e entusiastas até os dias de hoje, mesmo não existindo mais
Ao final de 1986, o famoso Grupo B teve seu cancelamento e banimento presenciado por seus fãs em Portugal.
Considerada a época mais brutal do rali, a temporada esteve perto de ter a mesma popularidade que a Fórmula 1. De carros personalizados a manobras e ultrapassagens arriscadas, os pilotos conquistaram cada vez mais público durante as temporadas.
O grupo contava com carros de potência de mais de 500cv – considerados difíceis de se pilotar – as melhores tecnologias e poucas regras, se comparados ao Grupo A.
A FIA dava a essa categoria grande liberdade técnica, assim, as marcas não tinham limites financeiros e técnicos ao mexer em suas máquinas, sempre tornando seus carros cada vez mais rápidos.
Além disso, seu público era de grandes dimensões. Era comum que as arquibancadas improvisadas lotassem e o público ficasse muito próximo à pista e as autoridades locais não tinham grande controle. Um cenário certamente perigoso era formado.
Por que o Grupo B acabou?
Por conta desta flexibilização das regras em relação ao Grupo A e a pouca exigência de segurança ao público, acidentes estavam passíveis de acontecer.
Em 1986, no Rally de Portugal, cerca de meio milhão de espectadores presenciaram um dos maiores e mais trágicos acidentes do Rally. Mais de trinta pessoas foram feridas e duas tiveram morte imediata.
Logo após o acidente, os pilotos reuniram-se e decidiram em unanimidade abandonar a prova por meio de um comunicado. Assim, acharam uma forma de protesto contra as faltas de condições de segurança do rali.
Um mês depois, um dos pilotos que escreveu o comunicado veio a sofrer um acidente fatal no Rali da Córsega, ocasionando no final do Grupo B no ano seguinte.
Top 3 carros mais conhecidos do Grupo B
Apesar de ser recordado por momentos ruins e tragédias, o Grupo B também conta com momentos memoráveis que são recordados por diversos fãs.
Consagrando seu legado de “era de ouro”, a categoria contava com diversas máquinas extremamente potentes e velozes, fascinando quem acompanhava e também quem não acompanhava o esporte.
Ford Escort RS200
Desenvolvido no final de 1985, o carro contava com um motor de mais de 400cv e chassi de vidro da Reliant, o RS200 é um dos mais conhecidos carros de rali dos anos 80 por conta de seu design icônico e que, infelizmente, não pôde mostrar muito seu potencial após o acidente.
Em sua estreia no WRC, o RS200 trouxe o pódio ao piloto Kalle Grundel no rali da Suécia em 1986.
Audi Sport Quattro S1
Carro no qual a primeira (e até hoje única) mulher venceu uma etapa da WRC, o Quattro foi o primeiro carro a usar tração integral. Com mais de 600cv, foi um dos mais potentes da história do rali.
Além disso, o carro trouxe dois títulos consecutivos aos pilotos Hannu Mikkola e Stig Blomqvist em 1983 e 1984, respectivamente.
Lancia Delta S4
Por último e não menos importante, temos o Lancia Delta S4, que conquistou o público de rali à primeira vista. Conhecido como o mais feroz e brutal do grupo, o carro trouxe a vitória em sua estreia em 1985.
Infelizmente, foi um dos protagonistas do último acidente do Grupo B e ocasionou seu fim.
Mas, afinal, o que aconteceu depois do término do Grupo B?
Com o cancelamento da categoria, o Grupo A tomou o posto de categoria de Rali Mundial até 1977, quando foi substituída pelo World Rally Cars, que ocorre até hoje.
Os carros então tinham normas e padrões a seguir e contavam com carros menos potentes e construídos mais tradicionalmente, segundo a FIA.
Além disso, os carros aposentados do Grupo B também foram modificados e utilizados em provas de rallycross britânico.
Atualmente, para os que têm interesse em conhecer e ver imagens exclusivas do Grupo B em seus anos de ouro na década de 80, foram liberados diversos episódios no canal de assinatura Motorsport.tv.
Compartilhe