Latin NCAP eleva nível de exigência e anuncia nova fase de avaliações a partir de 2026

Em workshop realizado recentemente, o secretário-geral do Latin NCAP, Alejandro Furas, destacou que apesar das mudanças nas metodologias, um princípio permanece: o veículo só alcança boa classificação se apresentar desempenho consistente em todos os grupos avaliados

Com o objetivo de fornecer aos consumidores da América Latina e do Caribe informações independentes e transparentes sobre os níveis de segurança dos veículos, o Latin NCAP foi criado em 2010 e se tornou uma associação em 2014. O programa utiliza protocolos reconhecidos internacionalmente e integra um banco global de dados de segurança veicular. Cada modelo é avaliado em sua versão mais básica, sempre com classificação de zero a cinco estrelas para proteção de adultos e crianças, o que transformou o Latin NCAP em referência para montadoras, reparadores e consumidores.

O ciclo de testes que entra em vigor em 2026, válido até 2029, marca uma das maiores revisões já promovidas pela entidade. Os critérios ficam mais exigentes e o conjunto de avaliações passa a exigir maior desempenho estrutural, mais tecnologia embarcada e melhores respostas dos sistemas de proteção ativa e passiva. As mudanças devem impactar diretamente o desenvolvimento de novos modelos e também influenciar procedimentos de manutenção e reparo nas oficinas da região.

Novos dummies e testes mais severos com ocupantes

A principal mudança aparece nas avaliações voltadas para os ocupantes. O Latin NCAP adotará dummies de nova geração, capazes de reproduzir com mais precisão o comportamento do corpo humano em diferentes tipos de colisão. Com isso, os testes ficam mais sensíveis a deformações estruturais e falhas de contenção.

O impacto lateral passa a ser realizado a 60 km/h, utilizando uma barreira de 1.400 kg, enquanto o impacto lateral de poste ocorre a 32 km/h em um ângulo de 75 graus. A entidade também dará maior atenção ao desempenho do banco traseiro, área que ainda apresenta limitações em vários modelos vendidos na América Latina.

Na proteção infantil, o escopo inclui agora crianças de até 10 anos. O novo dummy será testado em colisões frontal e lateral, com e sem assento elevatório. A ausência de ancoragens ISOFIX ou i-Size e a impossibilidade de desativar o airbag do passageiro penalizam diretamente a nota. Sistemas de detecção de presença infantil, usados para evitar acidentes relacionados ao calor, recebem pontuação extra.

Segurança passiva e impacto para pedestres

A avaliação de segurança passiva também passa por mudanças importantes. A frenagem autônoma de emergência será testada em cenários mais complexos que incluem condições noturnas, cobrando maior capacidade dos sensores de identificar pedestres e ciclistas. A análise do conjunto frontal do veículo também fica mais rigorosa, exigindo tecnologias de mitigação de impacto mais eficientes.


Os SUVs serão submetidos a um teste experimental que mede a resistência do teto em capotamentos. A metodologia consiste em içar o veículo de cabeça para baixo e soltá-lo de uma altura determinada. Embora o resultado não interfira na nota final, o Latin NCAP se torna o único programa do mundo a adotar essa abordagem. Além disso, a entidade ampliará a análise pós-colisão, verificando se o veículo facilita o resgate dos ocupantes e valorizando sistemas como a chamada automática de emergência.

Avanço das assistências à condução

Os sistemas de assistência à segurança terão peso maior na classificação geral. Recursos de permanência em faixa, alerta de ponto cego, detecção de álcool e monitoramento do motorista precisarão mostrar melhor desempenho. Limitadores de velocidade e outros itens voltados para prevenção de acidentes também ganham relevância, refletindo a tendência global de integrar cada vez mais tecnologia à segurança automotiva.

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